PAI: chega, pergunta como está e desata uma conversa sobre qualquer coisa, menos sobre o problema (isso por uns 15 minutos). Depois sai do quarto (pra não ficar muita gente) e vai ouvir música no fone de ouvido do celular ou comprar o jornal pra ler.
MAE: chega, pergunta como está, ajuda com o café, vê o que está precisando, ajuda a ir ao banheiro, vê o que está precisando, organiza as coisas que ficaram acumuladas do dia anterior, ajuda a subir a cabeceira da cama, tira a mesa da refeição, vê se precisa de mais alguma coisa, confere roupas que faltam, guarda as roupas que precisam ser lavadas, vê como está passando, ajuda a se posicionar melhor na cama, senta um pouco, alcança a água, tenta ler. Ajuda de novo a ir no banheiro, carrega as coisas pro banho.Pensa no que pode fazer pra diminuir o desconforto. Fala com os médicos e os enfermeiros.
O pai pensa em trazer coisas. A mãe pensa em fazer coisas.
O pai é lógico. A mãe não é. Se precisar de tecnologia, computador, fones e outros eletrônicos, o pai faz isso com perfeição.
Só que chega uma hora, em que é preciso bancar o Grilo Falante e sussurar no ombro do pai: lava as roupas que estão na máquina, porque tá faltando meia. Compra comida pro cachorro, porque ele tá comendo pão integral há dois dias. Vê se as verduras da gaveta da geladeira não apodreceram.
Vamos ser boazinhas e reconhecer que se a mãe não tá lá, o pai faz tudo isso direitinho, mas se a mãe tá, é muito mais fácil deixar pra mãe.